Delegação Argentina abandona COP29

Argentina retira delegação da COP29 após ordem de governo Milei, em gesto contra políticas climáticas globais

A Argentina retirou oficialmente sua delegação da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP29, em um movimento determinado pelo governo de Javier Milei. A decisão foi comunicada nesta quarta-feira (13) pelo Ministério das Relações Exteriores argentino, conforme uma fonte de Assuntos Ambientais revelou à CNN. A conferência, que teve início na última segunda-feira (11) em Baku, Azerbaijão, contava com a presença dos representantes argentinos nos primeiros dias, mas todos os delegados já receberam a ordem de Buenos Aires para encerrar suas atividades e retornar ao país.

Milei

Além dos membros já presentes em Baku, outros delegados que tinham viagem prevista para esta quarta-feira não seguirão para o evento, conforme confirmado pela mesma fonte do governo argentino. Essa decisão alinha-se com a postura abertamente contrária do presidente Javier Milei em relação às agendas globais de combate às mudanças climáticas e políticas ambientais.

Desde que assumiu o cargo, Milei tem expressado forte resistência a pautas de sustentabilidade promovidas por organizações internacionais. Em um recente discurso na Assembleia Geral da ONU, o presidente argentino denunciou o que chamou de "agenda ideológica" das Nações Unidas, criticando os compromissos firmados na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. "Estamos diante do fim do ciclo. O coletivismo e a postura moral da agenda acordada colidiram com a realidade e já não têm soluções para oferecer aos problemas do mundo. Na verdade, eles nunca os tiveram", afirmou Milei, reiterando seu posicionamento contrário às políticas ambientais e sugerindo que elas são ineficazes e desconectadas da realidade econômica e social dos países.

Durante sua campanha eleitoral, Milei foi ainda mais incisivo ao criticar as iniciativas de combate às mudanças climáticas, descrevendo-as como estratégias políticas que visam obter recursos e sustentar "socialistas preguiçosos que escrevem artigos de segunda categoria." Essa visão reflete sua rejeição às abordagens que, segundo ele, responsabilizam os seres humanos pelas mudanças climáticas. Ao invés de aderir às práticas globais de sustentabilidade, Milei tem manifestado preferência por políticas que considera mais pragmáticas e de foco econômico.

Com a retirada da Argentina da COP29, o país se coloca em rota de colisão com a maioria das nações que buscam um consenso para enfrentar a crise climática. A decisão reflete uma mudança drástica em relação à postura anterior do país em fóruns internacionais de meio ambiente, uma vez que a Argentina sempre desempenhou um papel ativo na promoção de políticas de sustentabilidade.

Conheça mais sobre a Conferência climática da ONU

O principal objetivo da Conferência do Clima da ONU, também conhecida como COP (Conferência das Partes), é reunir representantes de governos, organizações internacionais, sociedade civil e o setor privado para discutir e definir ações globais no combate às mudanças climáticas. A conferência busca alinhar os países participantes em torno de compromissos e políticas de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, adaptação às novas condições ambientais e financiamento para iniciativas sustentáveis.

As metas principais incluem:

1. Redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE): A COP trabalha para que os países estabeleçam metas de redução de emissões, buscando limitar o aumento da temperatura global a no máximo 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, conforme acordado no Acordo de Paris.

   
   

2. Adaptação às mudanças climáticas: A conferência enfatiza a criação de políticas e estratégias que ajudem os países, especialmente os mais vulneráveis, a se adaptarem aos impactos já inevitáveis das mudanças climáticas, como aumento do nível do mar, secas e tempestades.

   
   

3. Financiamento climático: Uma parte essencial dos objetivos da COP é o compromisso financeiro, especialmente dos países desenvolvidos, para apoiar países em desenvolvimento na implementação de medidas climáticas, com o objetivo de mobilizar, por exemplo, US$ 100 bilhões anuais até 2025.

   
   

4. Inovação e transição para energias limpas: A COP incentiva a transição para uma economia de baixo carbono, promovendo energias renováveis e tecnologias sustentáveis para substituir fontes de energia baseadas em combustíveis fósseis.

   
   

Além disso, a conferência serve como um espaço de diálogo e cooperação entre os países, permitindo que compartilhem experiências, desafios e soluções no enfrentamento da crise climática. Ao longo dos anos, a COP tem sido uma plataforma central para a criação de marcos importantes, como o Protocolo de Kyoto (1997) e o Acordo de Paris (2015), ambos fundamentais para as políticas climáticas globais.