Antonio Cícero reacende debate sobre Suicídio Assistido

O renomado escritor e compositor brasileiro Antonio Cícero faleceu na manhã de quarta-feira (23/10) após um procedimento de suicídio assistido na clínica Dignitas, na Suíça. Membro da Academia Brasileira de Letras, Cícero optou por essa medida devido ao seu diagnóstico de Alzheimer, deixando uma carta explicando sua decisão.

Antonio Cícero

Cícero viajou recentemente para a Europa com seu companheiro, Marcelo Pies, onde planejou o procedimento. O caso levanta questões sobre a legalidade do suicídio assistido, que é permitido em apenas cinco países: Suíça, Holanda, Bélgica, Luxemburgo e em alguns estados dos Estados Unidos, como Oregon e Washington.

Embora muitos países ainda proíbam essas práticas, o debate sobre o direito de morrer continua a ganhar destaque, especialmente com a recente rejeição de propostas no Reino Unido. No Brasil, tanto o suicídio assistido quanto a eutanásia são considerados crimes, mas a discussão sobre a prática médica de ortotanásia já foi levantada em contextos judiciais.

Para quem precisa de apoio emocional, várias organizações, como o Centro de Valorização da Vida (CVV), estão disponíveis para oferecer assistência. O tema do suicídio assistido também é abordado nos filmes "A Cinco Passos de Você" e "Como Eu Era Antes de Você", que exploram questões de vida, morte e escolhas difíceis.

Brasil

No Brasil, o suicídio é uma questão de saúde pública, e diversas iniciativas têm sido implementadas ao longo dos anos para fornecer apoio e prevenção. Além de políticas públicas de saúde mental, a sociedade tem contado com programas, campanhas de conscientização e linhas de ajuda para enfrentar o problema. Aqui estão alguns dos principais mecanismos de ajuda contra o suicídio no Brasil:

1. CVV - Centro de Valorização da Vida

O CVV é uma das principais organizações no Brasil voltadas para a prevenção do suicídio. Criado em 1962, oferece apoio emocional gratuito e sigiloso por meio de um serviço de atendimento telefônico 24 horas. A linha 188 é o número nacional de emergência, onde qualquer pessoa em situação de sofrimento emocional pode buscar ajuda. O CVV também realiza atendimentos por chat e e-mail.

2. Campanha Setembro Amarelo

Instituída em 2015, a campanha Setembro Amarelo visa aumentar a conscientização sobre o suicídio e seus fatores de risco, com o objetivo de desmistificar o tema e incentivar as pessoas a buscarem ajuda. Durante todo o mês de setembro, diversas ações são realizadas, como palestras, eventos educativos e campanhas nas mídias sociais e tradicionais, buscando reduzir o estigma em torno do suicídio e da saúde mental.

3. Sistema Único de Saúde (SUS)

O SUS tem integrado a saúde mental à sua rede de serviços, oferecendo atendimentos especializados para pessoas em risco de suicídio. O SUS disponibiliza Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), ambulatórios e hospitais gerais que oferecem apoio psicológico e psiquiátrico, especialmente em casos de transtornos mentais graves, como depressão, transtornos de ansiedade, e esquizofrenia, que são fatores de risco para o suicídio.

4. Programas e Serviços de Atenção Primária

A Atenção Primária à Saúde também é fundamental no Brasil. As equipes de saúde da família são treinadas para identificar sinais de sofrimento emocional em suas visitas domiciliares ou atendimentos em postos de saúde. Elas podem encaminhar os pacientes para tratamentos adequados ou serviços de saúde mental.

5. Apoio nas Escolas

Algumas iniciativas têm sido voltadas para a prevenção do suicídio entre jovens, com programas de educação emocional e apoio psicológico nas escolas. Profissionais de saúde mental são contratados em muitas escolas públicas e privadas para trabalhar com alunos e realizar atividades educativas sobre como lidar com o estresse, depressão e outros problemas emocionais.

6. Linha de Apoio 188

Além do CVV, o Brasil tem o serviço de atendimento telefônico através da linha 188, que é operada pelo Ministério da Saúde. O serviço oferece apoio emocional gratuito e sigiloso para pessoas em situação de crise, e é uma ferramenta importante no combate ao suicídio, especialmente em situações de emergência.

7. Plano Nacional de Prevenção ao Suicídio

Em 2019, o Ministério da Saúde do Brasil lançou o "Plano Nacional de Prevenção ao Suicídio", que visa a integração e ampliação dos serviços de saúde mental no país. O plano tem como objetivo reduzir o número de suicídios por meio de ações de prevenção, acompanhamento contínuo e promoção da saúde mental, além de envolver profissionais de saúde e a sociedade em geral.